sábado, 11 de dezembro de 2010

EVANGELHO DE LUCAS

Lucas era um discípulo dedicado e demonstrou grande interesse pela formação e pelo desenvolvimento da Igreja. Embora pouco se saiba sobre o passado de Lucas, descobre-se muitas coisas sobre seus interesses e preocupações quando se lê os dois livros do NT de sua autoria - o Evangelho de Lucas e o livro de Atos. Os dois juntos constituem cerca de 27% do Novo Testamento. Certamente a perspectiva de Lucas sobre a vida de Cristo e a origem do cristianismo é extremamente importante para a boa compreensão da mensagem do NT. Deve-se prestar uma atenção especial ao prefácio do evangelho de Lucas (Lc 1.1-4).
Em outras palavras, Lucas tencionava apresentar um relato das origens históricas do cristianismo que tivesse um elevado grau de credibilidade. Desta maneira, deu cuidadosa atenção à confiabilidade histórica e é considerado o historiador por excelência do Novo Testamento. Deixou claro que o cristianismo deve ser compreendido contra o pano de fundo tanto da história judaica como romana (Lc 2.1; 3.1,2). Em seu evangelho, fez vívidas descrições de Zacarias, Maria, Isabel, Ana, Herodes Antipas, o centurião romano presente na cena da crucificação e o lamento das mulheres de Jerusalém.
Essa maneira leve de apresentação não estava limitada apenas à narrativa histórica. Era evidente também nas parábolas contadas por Jesus. A maioria das narrativas mais conhecidas chegaram a nós por meio de Lucas: "o rico insensato" (Lc 12.16-21), "a   figueira estéril" (13.6-9), "a grande ceia" (14.16-24), "o mordomo infiel" (16.1-9) e "os servos inúteis" (17.1-10). Alguns exemplos encontrados exclusivamente em Lucas são inesquecíveis, como as parábolas do "bom samaritano" e do "filho pródigo" (10.25-37; 15.11-32). Lucas era um poderoso comunicador e seus relatos de acontecimentos arrepiantes, livramentos no meio da noite, intervenções sobrenaturais e memoráveis fugas da prisão tornam a leitura cativante. Usa uma
variedade de materiais, como registros históricos,  tradições orais, parábolas, pregações de antigos cristãos e lembranças de testemunhas oculares para compartilhar sua mensagem sobre Cristo e o surgimento da comunidade cristã. Fez isto de maneira tão atraente que seu evangelho é considerado por alguns eruditos como "o mais belo livro do mundo".
Louvor
 O uso do louvor e dos cânticos espirituais Intimamente relacionado com o talento artístico de Lucas está no uso que fazia dos hinos. Em seus escritos, registrou as origens da hinologia na Igreja primitiva. Seu relato da natividade é particularmente rico, pois nos dá a "canção de Maria" (Lc 1.46-55), a "canção de Zacarias" (Lc 1.68-79), a "canção das hostes angelicais" (Lc 2.14) e a "canção de Simeão" (Lc 2.28-32). O louvor a Deus era claramente importante para Lucas e é um aspecto proeminente no seu evangelho.
A ênfase de Lucas na alegria, o anjo que anunciou o nascimento de João Batista disse que ele seria motivo de "prazer e alegria" para seus pais e muitas pessoas se alegrariam no seu nascimento (Lc 1.14). Da mesma maneira, o anjo que anunciou o nascimento de Jesus disse: "Eu vos trago novas de grande alegria, que o será para todo o povo" (Lc 2.10). O advento de Cristo como Salvador e Senhor foi associado à alegria. Este tema repete-se por todo o seu evangelho e no livro de Atos (Lc 8.13; 10.17,21; 24.41,52; At 13.52; 15.3). É impressionante como freqüentemente ele usa o verbo "alegrar-se", para descrever a diferença que Jesus fazia na vida de seus seguidores (Lc 6.23; 10.20; 13.17; 15.5,32; 19.6). Lucas acreditava que a fé cristã tencionava trazer não somente o perdão dos pecados, mas também a alegria e o regozijo à vida diária. A condição necessária para alcançar isto era o arrependimento - uma tristeza genuína pelo pecado e uma volta honesta para Deus, em busca do perdão e purificação (Lc 13.3,5). Portanto, não é de surpreender que Lucas citasse as palavras de Jesus na conclusão da parábola da ovelha perdida: "Digo-vos que do mesmo jeito haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento" (Lc 15.7).
Oração
 A ênfase de Lucas na oração Lucas é chamado de "o evangelista da oração". Embora todos os evangelhos revelem Jesus como um homem de oração e afirmem a função que ela exerce, Lucas demonstra com maior ênfase a importância da oração na vida de Cristo e na Igreja cristã. Isso fica claro tanto no rico vocabulário empregado para a oração, como pelo grande número de incidentes que envolvem as súplicas registradas em seu evangelho. No evangelho de Lucas, Jesus orou em cada decisão importante e em todo momento decisivo de sua vida. Orou no batismo (Lc 3.21), antes de escolher os discípulos (6.12), em Cesaréia de Filipe (9.18), no monte da Transfiguração (9.28,29), no jardim do Getsêmani (22.39-46) e na cruz (23.34,46). Lucas apresenta o ensino de Jesus sobre oração na "Oração-Modelo" (Lc 11.1-4) e também inclui  várias parábolas sobre o assunto (Lc 11.5-8; 18.1-14). Jesus foi transfigurado, enquanto orava (Lc 9.29), e Lucas ensinou aos discípulos cristãos que a oração faria uma grande diferença também em suas vidas. Esta dimensão fica clara em seu relato sobre o jardim Getsêmani, onde menciona a admoestação de Jesus aos discípulos para que orassem; a oração é colocada como o meio divinamente estabelecido para escapar de "cair em tentação" (Lc 22.40,46). Lucas mantém seu interesse pela oração,
O Evangelho de Lucas tem sido chamado "o Evangelho das Nações, cheio de compaixão e esperança, asseguradas ao mundo pelo amor de um Salvador sofredor;" "o Evangelho da vida santa;" "o Evangelho para os gregos; o Evangelho do futuro; o Evangelho da cristandade progressista, da universalidade e graciosidade do evangelho; o Evangelho histórico; o Evangelho de Jesus como o bom médico e o Salvador da humanidade;" o "Evangelho da Fraternidade de Deus e da irmandade do Homem;" "o Evangelho da condição feminina;" "o Evangelho dos desfavorecidos, dos samaritanos, dos publicanos, das prostituídas e dos pródigos;" "o Evangelho da tolerância."

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